sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Situação da resistência no Brasil


Figura 2. Distribuição geográfica da resistência de nematodas gastrintestinais de bovinos a lactonas macrocíclicas no Brasil. Os estados em vermelho indicam ocorrência da resistência. Nos estados em branco, não houve estudos. (Publicações científicas até julho de 2012).

No Brasil, foram realizados estudos de monitoramento ou avaliações pontuais de anti-helmínticos em bovinos em seis estados, sendo encontrada resistência a LMs em todos eles.
O primeiro relato de resistência anti-helmíntica em bovinos no território brasileiro foi realizado por Pinheiro & Echevarria (1990) no município de Bagé, Rio Grande do Sul, onde constataram resistência de Haemonchus spp. ao oxfendazole (60% de eficácia), albendazole 5 mg/kg (81%) e albendazole 7,5 mg/kg (88%), por meio do FECRT. Trichostrongylus axei e as espécies dos gêneros Ostertagia e Cooperia foram sensíveis às formulações anti-helmínticas.
Acuña e Paiva (2000) observaram redução na contagem de OPG de 82,5% no 14º dia pós-tratamento com IVM, enquanto a MOX apresentou 100% de eficácia em bovinos de um rebanho no município de Caraguatatuba, São Paulo. Este foi o primeiro relato de resistência a IVM no Brasil. Posteriormente, foi determinado o fator de resistência de 57.786,08 em Cooperia spp. desta população de parasitos, por meio de uma técnica in vitro de desenvolvimento das formas parasíticas imaturas (Paiva et al., 2001).
Em Minas Gerais, no município de Betim, foi relatada a resistência de Cooperia spp. e Haemonchus spp. à IVM (18,9% de eficácia) e DORA (50,6%), pelo FECRT, enquanto abamectina (ABA) e MOX apresentaram eficácia acima de 99% (Rangel et al., 2005). Em outro estudo realizado em Minas Gerais, uma formulação de IVM em alta concentração (630µg/kg) foi avaliada em cinco rebanhos bovinos, por meio de necropsias parasitológicas, sendo observados os seguintes percentuais de eficácia contra C.punctata: 0.0%, 75.56%, 9.66%, 0.0%, 0.0%; C. spatulata: 0.0, 84.79% 0.0%, 86.15 e C. pectinata: 100% 0.0%, 81.19%; 0.0% (Borges et al., 2005). Resultado semelhante foi relatado em um rebanho leiteiro no mesmo estado, sendo observada ineficácia de IVM 1% e IVM 3,15% contra Cooperia spp. e Haemonchus spp., assim como resistência a sulfóxido de albendazole (SA) e DORA (Costa et al., 2011).
A eficácia de LEV, SA, IVM e MOX foi avaliada, por meio do FECRT, em 25 rebanhos bovinos foi avaliada na região noroeste do estado de São Paulo. A redução de OPG foi inferior a 90% em 92% das fazendas depois do tratamento com IVM, enquanto em 76% das fazendas foi observada 100% de eficácia de MOX, que apresentou eficácia entre 90 e 97,2% nos demais rebanhos. LEV e SA apresentaram eficácia acima de 90% em 80% e 92%, respectivamente, das fazendas avaliadas. Foi demonstrada a resistência de Cooperia spp. e Haemonchus spp. à IVM e em menor grau ao LEV e SA (Soutello et al., 2007).
No Planalto Catarinense, a eficácia de IVM, LEV e SA foi avaliada em 39 propriedades rurais, dentre as quais, 82,1% apresentaram animais com helmintos resistentes à IVM, 15,4% ao LEV e 7,8% ao SA. Em apenas 10,3% das propriedades, a eficácia de todos os anti-helmínticos foi superior a 95%. Os gêneros predominantes resistentes à IVM foram Cooperia e Haemonchus (Souza et al. (2008).
A resistência a MOX foi confirmada em um rebanho bovino localizado no município de Castilho, São Paulo, por meio do teste anti-helmíntico controlado, observando-se eficácia de 65,2% contra Cooperia spp., 44,8% contra Oesophagostomum radiatum e 81,4% contra Trichuris spp. Esta LM ainda apresentou 100% de eficácia contra Haemonchus spp. e Trichostrongylus spp. (Condi et al., 2009).
Outro teste anti-helmíntico controlado foi realizado com bovinos no Rio de Janeiro, observando-se resistência de C. punctata a IVM e DORA, que apresentaram 53,9% e 82,4% de eficácia, respectivamente (Cardoso et al., 2008).
No Rio Grande do Sul, foi relatada a resistência de Trichostrongylus spp. e Cooperia spp a IVM, ABA, DORA e MOX, no município de Santa Maria (Mello et al., 2006). Em São Pedro do Sul, foi observada resistência de Cooperia spp., Haemonchus spp. e Trichostrongylus spp. a IVM, em formulações comerciais nas concentrações de 1%, 3,15% e 4%, ABA, DORA e MOX. Ostertagia spp. mostrou-se resistente à IVM. Nos bovinos desta propriedade, ainda foi observada eficácia elevada de SA (Cezar et al,. 2010).
A resistência de nematodas gastrintestinais de bovinos às principais formulações anti-helmínticas comerciais, entre elas o grupo das LMs, também está presente em rebanhos bovinos de corte em Mato Grosso do Sul. Em um estudo realizado em dez rebanhos em diferentes municípios, por meio do FECRT, foi observada eficácia média de 14,97, 91,08 e 32,86% para IVM, MOX e DORA, respectivamente, enquanto SA e LEV apresentaram eficácia média de 99,39 e 97,07%. Cooperia spp. apresentou-se resistente a IVM, DORA, MOX, SA e LEV em 100, 100, 30, 0 e 10%, respectivamente, dos rebanhos avaliados. Resistência de Haemonchus spp. aos mesmos princípios ativos, foi observada em, 100, 100, 70, 0 e 0% das fazendas, respectivamente (Feliz, 2011). Destas mesmas propriedades rurais, foram isoladas amostras de Cooperia spp. que foram comparadas a um isolado susceptível por meio do teste de inibição de migração larval, sendo observados fatores de resistência à IVM entre 2,15 e 9,78 e foi confirmada a susceptibilidade destes isolados à MOX (Almeida, 2011). Também em Mato Grosso do Sul, foi realizado um teste anti-helmíntico controlado para avaliar a eficácia de doramectina 3,5%, doramectina 1% e ivermectina 3,15%, sendo observados os seguintes resultados: Haemonchus placei 4%, 0% e 17%; formas imaturas de Haemonchus 97%, 96% e 98%; Cooperia punctata 88%, 88% e 65%; Cooperia pectinata 78%, 95% e 67%; Cooperia spatulata 83%, 91%, 61%; formas imaturas de Cooperia 0%, 67% e 67%; Trichostrongylus axei 97%, 89% e 63%; formas imaturas de Trichostrongylus 100%, 100% e 100% e Oesophagostomum radiatum 88%, 67% e 77%, respectivamente (Neves et al., 2012)

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