Figura 2. Distribuição geográfica da
resistência de nematodas gastrintestinais de bovinos a lactonas macrocíclicas
no Brasil. Os estados em vermelho indicam ocorrência da resistência. Nos
estados em branco, não houve estudos. (Publicações científicas até julho de
2012).
No Brasil, foram realizados estudos
de monitoramento ou avaliações pontuais de anti-helmínticos em bovinos em seis
estados, sendo encontrada resistência a LMs em todos eles.
O
primeiro relato de resistência anti-helmíntica em bovinos no território
brasileiro foi realizado por Pinheiro & Echevarria (1990) no município de
Bagé, Rio Grande do Sul, onde constataram resistência de Haemonchus spp. ao oxfendazole (60% de eficácia), albendazole 5
mg/kg (81%) e albendazole 7,5 mg/kg (88%), por meio do FECRT. Trichostrongylus axei e as espécies dos
gêneros Ostertagia e Cooperia foram sensíveis às formulações
anti-helmínticas.
Acuña
e Paiva (2000) observaram redução na contagem de OPG de 82,5% no 14º dia
pós-tratamento com IVM, enquanto a MOX apresentou 100% de eficácia em bovinos
de um rebanho no município de Caraguatatuba, São Paulo. Este foi o primeiro
relato de resistência a IVM no Brasil. Posteriormente,de 57.786,08
em Cooperia spp. d
Em
Minas Gerais, no município de Betim, foi relatada a resistência de Cooperia spp. e Haemonchus spp. à IVM
(18,9% de eficácia) e DORA (50,6%), pelo FECRT, enquanto abamectina (ABA) e MOX
apresentaram eficácia acima de 99% (Rangel et al., 2005). Em outro estudo
realizado em Minas Gerais, uma formulação de IVM em alta concentração
(630µg/kg) foi avaliada em cinco rebanhos bovinos, por meio de necropsias
parasitológicas, sendo observados os seguintes percentuais de eficácia contra C.punctata: 0.0%, 75.56%, 9.66%, 0.0%,
0.0%; C. spatulata: 0.0, 84.79% 0.0%,
86.15 e C. pectinata: 100% 0.0%,
81.19%; 0.0% (Borges et al., 2005). Resultado semelhante foi relatado em um
rebanho leiteiro no mesmo estado, sendo observada ineficácia de IVM 1% e IVM
3,15% contra Cooperia spp. e Haemonchus spp., assim como resistência
a sulfóxido de albendazole (SA) e DORA (Costa et al., 2011).
A
eficácia de LEV, SA, IVM e MOX foi avaliada, por meio do FECRT, em 25 rebanhos
bovinos foi avaliada na região noroeste do estado de São Paulo. A redução de
OPG foi inferior a 90% em 92% das fazendas depois do tratamento com IVM,
enquanto em 76% das fazendas foi observada 100% de eficácia de MOX, que
apresentou eficácia entre 90 e 97,2% nos demais rebanhos. LEV e SA apresentaram
eficácia acima de 90% em 80% e 92%, respectivamente, das fazendas avaliadas. Foi
demonstrada a resistência de Cooperia spp.
e Haemonchus spp. à IVM e em menor grau
ao LEV e SA (Soutello et al., 2007).
No Planalto Catarinense, a eficácia de IVM, LEV e
SA foi avaliada em 39 propriedades rurais, dentre as quais, 82,1% apresentaram
animais com helmintos resistentes à IVM, 15,4%
ao LEV e 7,8% ao SA. Em apenas 10,3% das propriedades, a eficácia de
todos os anti-helmínticos foi superior a 95%. Os gêneros predominantes
resistentes à IVM foram Cooperia e Haemonchus (Souza et al. (2008).
A
resistência a MOX foi confirmada em um rebanho bovino localizado no município
de Castilho, São Paulo, por meio do teste anti-helmíntico controlado,
observando-se eficácia de 65,2% contra Cooperia
spp., 44,8% contra Oesophagostomum
radiatum e 81,4% contra Trichuris
spp. Esta LM ainda apresentou 100% de eficácia contra Haemonchus spp. e Trichostrongylus
spp. (Condi et al., 2009).
Outro teste anti-helmíntico controlado foi
realizado com bovinos no Rio de Janeiro, observando-se resistência de C. punctata a IVM e DORA, que
apresentaram 53,9% e 82,4% de eficácia, respectivamente (Cardoso et al., 2008).
No Rio Grande do Sul, foi relatada a resistência de
Trichostrongylus spp. e Cooperia spp a IVM, ABA, DORA e MOX, no
município de Santa Maria (Mello et al.,
2006). Em São Pedro do Sul, foi observada resistência de Cooperia spp., Haemonchus spp. e Trichostrongylus spp. a IVM, em formulações
comerciais nas concentrações de 1%, 3,15% e 4%, ABA, DORA e MOX. Ostertagia spp. mostrou-se resistente à
IVM. Nos bovinos desta propriedade, ainda foi observada eficácia elevada de SA
(Cezar et al,. 2010).
A resistência de nematodas gastrintestinais de
bovinos às principais formulações anti-helmínticas comerciais, entre elas o
grupo das LMs, também está presente em rebanhos bovinos de corte em Mato Grosso
do Sul. Em um estudo realizado em dez rebanhos em diferentes municípios, por
meio do FECRT, foi observada eficácia média de 14,97, 91,08 e 32,86% para IVM,
MOX e DORA, respectivamente, enquanto SA e LEV apresentaram eficácia média de
99,39 e 97,07%. Cooperia spp.
apresentou-se resistente a IVM, DORA, MOX, SA e LEV em 100, 100, 30, 0 e 10%,
respectivamente, dos rebanhos avaliados. Resistência de Haemonchus spp. aos mesmos princípios ativos, foi observada em,
100, 100, 70, 0 e 0% das fazendas, respectivamente (Feliz, 2011). Destas mesmas
propriedades rurais, foram isoladas amostras de Cooperia spp. que foram comparadas a um isolado susceptível por
meio do teste de inibição de migração larval, sendo observados fatores de
resistência à IVM entre 2,15 e 9,78 e foi confirmada a susceptibilidade destes
isolados à MOX (Almeida, 2011). Também em Mato Grosso do Sul, foi realizado um
teste anti-helmíntico controlado para avaliar a eficácia de doramectina 3,5%,
doramectina 1% e ivermectina 3,15%, sendo observados os seguintes resultados: Haemonchus placei 4%, 0% e 17%; formas
imaturas de Haemonchus 97%, 96% e
98%; Cooperia punctata 88%, 88% e
65%; Cooperia pectinata 78%, 95% e 67%;
Cooperia spatulata 83%, 91%, 61%;
formas imaturas de Cooperia 0%, 67% e
67%; Trichostrongylus axei 97%, 89% e
63%; formas imaturas de Trichostrongylus
100%, 100% e 100% e Oesophagostomum
radiatum 88%, 67% e 77%, respectivamente (Neves et al., 2012)
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